Já
passou um ano. Não digo que parece que foi ontem, pois não há um dia sequer que
não tenha pensado em ti. Na minha vida, tua ausência será eternamente sentida. Faz
muita falta. A noite mais longa e mais fria de 2012 foi em 26 de julho. Em meus
braços eu o carreguei, mas já sem vida. A pressa por um atendimento médico era
tanta, que agi com frieza, apesar de meu coração estar despedaçado. Procuramos por
médicos como se eles operassem milagres. Não chorei nem por um segundo. Fui firme,
fui dura, me tranquei, travei. Talvez o fato de perceber de forma tão clara e
tão próxima a finitude da vida tenha me mudado por completo. Uma mudança que
hoje considero irreversível.
Hoje
passei o dia sentido náuseas. Náuseas de um vazio. Um vazio que jamais será
preenchido. Acostumamo-nos a viver com a ausência daqueles que mais amamos. Ela
não passa, só lidamos melhor com ela a cada dia. E disfarçamos com sorrisos largos
cada pensamento de saudade. Doer não dói, mas não cessa. Está presente, algumas
vezes com maior força e intensidade, outras como uma brisa leve e suave a tocar
o rosto.
Aprendi
a ver as pessoas com maior humanidade, a não dar bola para os problemas, a agir
com responsabilidade e, principalmente, a não perder tempo. Passamos muito
tempo programando coisas que nunca realizamos. Por quê? Talvez essa tenha sido
minha maior lição: viver o hoje. Amar mais, sorrir mais e gritar menos.
Hoje
o tempo passa mais rápido do que queremos. Nosso ritmo de vida nos exige a
pressa, respostas rápidas e grandes atitudes, grandes decisões, grandes coisas.
Quando, na verdade, precisamos de menos, do simples e do descomplicado. Precisamos
de abraços, beijos, sorrisos e cafunés. Não precisamos de agendas lotadas,
compromissos inadiáveis, 10h de trabalho por dia. Precisamos mesmo é
desacelerar. Viver. E cantar. Não importa qual seja o dia.
Sei
que muitas pessoas não entendem minha forma de ver e agir no mundo. Não as
julgo, até as compreendo. Há um ano atrás não via as coisas da forma como vejo
hoje. Hoje consigo ver com maior clareza todas as minhas mudanças. Em meu
cotidiano, em minhas atitudes, com meus pares. Até mesmo com meus ímpares. Aprendi
muitas coisas, principalmente a valorizar a vida. A minha, a tua, a de todos. Aprendi,
acima de tudo, que é possível conciliar nosso pensamento e nossas convicções
com nossos atos, basta querer. Aquele que quer e age traz em si o poder de
grandes realizações.