sábado, 10 de novembro de 2012

A filosofia é o mar



Existem muitas coisas que eu não entendo. Talvez pela minha ignorância, desconhecimento ou simplesmente pela minha total falta de interesse. Até ai, tudo tranquilo, pois, acredito eu, que sejamos todos assim. O que me inquieta é conhecer ou crer em algo e, ainda assim, me restarem dúvidas e questionamentos sobre isso. Então, me diriam os que se identificam com a filosofia, que é assim mesmo, que este é o exercício do filosofar. Questionar, pensar, duvidar, formular e reformular. Um caminho contínuo em busca que algo, que talvez, nunca conseguiremos entender, compreender nem chegar ao sentido. E isso, segundo Aristóteles, é o movimento que interessa, o caminho que se percorre é muito mais rico do que a conclusão a qual se chega. Quando se chega a alguma conclusão!

Isso pode parecer até estranho para alguns, mas esse movimento constante do filosofar as vezes me incomoda. Admito que o questionar, o buscar, o formular e reformular me fascinam na filosofia, mas isso também me cansa. Essa constante busca por algo que não entendemos ou pouco conhecemos nos leva a indagações, a novos problemas e se por um lado a consequência disso é o enriquecimento filosófico, por outro, qualquer argumento pode ser desconstruído e, no fim, não teremos certezas sobre nada, talvez, nem sobre nós mesmos.

De certa forma, isso é instigante e estimulante. Participar do debate filosófico, olhar as coisas de outro ponto de vista acrescenta naquilo que está sendo discutido e não vejo outra forma de se fazer filosofia. Porém, é como nadar, nadar e não sair do mar. Vislumbramos o horizonte imenso, mas em alto mar não há nada sob nossos pés, estamos somente cercados por água. Vemos diferentes cardumes, os mais diferentes animais marinhos, podemos descrevê-los, falar sobre eles, pensar sua forma de existência, a maneira como conhecem, se são seres éticos, etc., podemos, inclusive, mergulhar um pouco mais fundo e ver o que há mais para baixo, mas lá não poderemos permanecer por muito tempo, pois necessitamos subir para encher nossos pulmões de ar. E quando subimos novamente, vislumbramos mais uma vez o horizonte imenso, percebemos que estamos cercados de água e que não há nada que nos sustente sob nossos pés. Para onde vamos nadar? Isso não importa, pois para qualquer lugar que formos, será mais do mesmo, somente apresentado aos nossos olhos de outra maneira. Agiremos da mesma forma, mergulharemos mais fundo, mas teremos que voltar para a superfície e nos deparar com a imensidão do horizonte e, novamente, nadar para qualquer outro lugar.

Talvez isso seja uma visão pessimista do processo de filosofar, mas prefiro pensar que estou, neste exato momento, olhando para a imensidão do mar e nada vejo. Talvez se eu mergulhar mais profundamente eu veja com mais clareza aquilo que busco. Talvez eu me perca ali e não consiga voltar para preencher meus pulmões de ar. Talvez pensar dessa forma não seja, então, tão pessimista assim, talvez eu esteja apenas tentando apoiar meus pés em algo sólido. Talvez eu queira sair do mar e encontrar terra firme. Mas talvez eu não saia do mar. Talvez a filosofia seja o mar e sair dele seja deixar de filosofar. Sei que não vou encontrar respostas, mas sim mais perguntas, mas me percebo hoje numa condição de alguém que busca algo, mas que não sabe muito bem o que é esse algo. Talvez se eu ir mais fundo e mais fundo, eu consiga encontrar algo de concreto para me apoiar, mas estarei tão fundo, mas tão fundo, que será impossível para mim voltar a superfície para respirar e vislumbrar novamente a imensidão.

Quanto mais certezas criamos, mais fundo penetramos em verdades e mais dificilmente abriremos mão delas. Se tivermos uma certeza, nos agarraremos a ela, fincaremos nossos pés em algo sólido e, talvez, a partir dela criaremos mais certezas e mais verdades. Estaremos nos fechando em algo, criando muros para o debate. Neste sentido, o retorno à superfície não deixa morrer a filosofia, não deixamos de pensar, de debater, de dialogar e de construir. Mas então, por quê essa falta de solidez abaixo dos meus pés me incomoda tanto? Ainda não sei, mas antes nadar, nadar e permanecer no mar, do que encontrar terra firme e não sair do lugar.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Retirando as teias

E tanto tempo faz que não escrevo para meu tão querido blog. Motivos? Tenho diversos, mas ao melhor analisar, não passam de desculpas para mim mesma. Tenho textos salvos, não acabados, questionamentos sem fim. Mas eu não quero falar de filosofia, não estou no meu momento mais filosófico. Talvez por isso eu não consiga terminar os textos. Eu quero falar de sentimentos.

Há alguns meses me encontro em um estado emocional completamente diferente para mim: o de não estar apaixonada. Isso pode até soar estranho (para mim, certamente), mas não estou apaixonada. Sempre fui uma pessoa romântica, que acreditava no amor. Uma pessoa que pensava que o amor é eterno, que tudo dura para sempre, que onde existe amor nada pode abalar. Pois bem, essa menina ingênua e romântica morreu dentro de mim. Ou se escondeu, tão bem que por mais que eu procure, não consigo achá-la.

Muitas foram as mudanças do meu último post para cá. Foi uma montanha de emoções sem tamanho, do estado mais sublime de felicidade para a mais profunda tristeza. Perdi pessoas queridas que muito amava, terminei um longo relacionamento, mas também fiz amigos, conquistei um excelente trabalho. Hoje, passado esse tempo posso dizer que me encontro emocionalmente bem, Porém, feliz? Não sei se estou feliz. Parece-me que falta alguma coisa.

Talvez seja esse sentimento chamado paixão, ou amor, ou afeto, ou carinho que me falta. É tão estranho acordar de manhã e não ter ninguém para quem se possa desejar "bom dia". Aí me pergunto "por quê deveria ter?". Sinceramente, não sei a resposta. As vezes penso que estamos de tal forma condicionados a estar sempre com alguma pessoa, a velha figura da metade da laranja, que eu me sinto um limão. Quem quer um limão? Essa falta de sentimentos me faz focar outros aspectos de minha vida. A faculdade, o novo trabalho, minha família. Mas ainda assim, não me sinto plena e completa. Será a falta dessa porcaria chamada amor?

Quem já sofreu por amor, sabe como é duro amar de novo. Principalmente quem se fecha em seu casulo, assim como eu. Mas acredito sim que eu vá me apaixonar de novo e amar, quem sabe. Entretanto, a doçura de viver o inesperado de cada dia é quase viciante. Quem quer se prender a alguém quando o mistério está logo ali, apontando na esquina? Quem quer se apaixonar e sofrer quando se pode sorrir com muito menos? Creio eu, que eu quero. Todo mundo precisa de amor, de ser amado. Infelizmente, minha experiência empírica comprova: sou feliz sozinha, mas não completa.

Do amor não adianta falar muito. Dizem que quando menos se espera ele vem. E vem como um turbilhão de emoções. A calmaria do amor vem depois. Então, vida, que venha o meu amor. Não pense você que eu ficarei parada, sentada, esperando isso acontecer. Não sou expectadora, sou protagonista. Se o amor vai bater a minha porta, vou limpar a casa, renovar as energias e deixar a porta aberta. Positividade sempre.