tag:blogger.com,1999:blog-73116059250196115502024-03-05T09:11:12.918-03:00Massa Cinzenta e PensanteAnonymoushttp://www.blogger.com/profile/11303355437551108119noreply@blogger.comBlogger48125tag:blogger.com,1999:blog-7311605925019611550.post-2296960837085508422017-02-13T16:28:00.004-02:002017-02-13T16:29:45.040-02:00Novo domínio pelo Medium<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: x-large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: x-large;">A partir de janeiro de 2017, você poderá conferir meus textos através da minha página no <a href="https://medium.com/@bruleiite" target="_blank">medium.com/@bruleiite</a></span></blockquote>
</div>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: x-large;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: x-large;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: x-large;"><br /></span>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/11303355437551108119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7311605925019611550.post-31829795877241860242017-01-25T13:21:00.001-02:002017-01-25T13:21:28.163-02:00Feliz ano novo<div style="text-align: justify;">
Tudo é novo. Apesar da sala não ser nova para mim, pois já a conhecia, ainda assim tem algo de novo por aqui. A mesa é nova. O computador é velho. A cadeira é nova. As luzes piscam de uma forma diferente por aqui.</div>
<div style="text-align: justify;">
O trabalho também não é novo. Apesar de, ao mesmo tempo, sê-lo. O que sei é velho, mas a força é nova. A vontade é nova. Os colegas são os velhos colegas de sempre. Mas as responsabilidades são novas, maiores. E tudo isso pode acabar logo ali.</div>
<div style="text-align: justify;">
Quando um ano que tem tudo para dar errado anuncia no décimo dia que tudo vai mudar, eu desconfio. Você não desconfiaria?</div>
<div style="text-align: justify;">
Faltam plantas na minha sala. E pessoas. E café.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas tudo bem. O ano apenas começou.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/11303355437551108119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7311605925019611550.post-61546205733319302822016-12-21T15:25:00.002-02:002016-12-21T15:35:49.866-02:002016 ainda não acabou<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Dia desses apareceu um vídeo de retrospectiva do ano no meu facebook. Assisti. Pude constatar que este ano foi, e continua sendo, um ano marcado por lutas. Lutamos um ano todo e, me parece, que fomos vencidos pelo cansaço.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Assistimos o golpe travestido de impeachment e estamos sofrendo as consequências da maior cagada do Congresso Nacional. Estamos assistindo o desmonte do nosso Estado, a extinção de diversas fundações, a demissão em massa de servidores. Estamos assistindo os embates de transição de governo na prefeitura. Estamos assistindo uma reforma da previdência sem a anuência da população brasileira que será diretamente atingida. Estamos assistindo uma reforma do ensino médio que não irá melhorar os problemas educacionais de nosso país. Estamos assistindo o congelamento de investimentos em saúde e educação. Estamos assistindo nossos políticos envolvidos no maior escândalo de corrupção e roubalheira em nosso país. Estamos assistindo o crescimento da pobreza e do desemprego. Estamos assistindo a intolerância e a crescente violência. E 2016 ainda não acabou.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O Congresso Nacional deu o tom: não descansaram até tirar Dilma. O mais incrível de toda essa história é que Temer conseguiu se desvincular dela, como se fosse outra coisa que não seu vice, como se ele não tivesse feito parte da coligação eleita, com propostas e diretrizes de governo que elegeram ambos. E não para por aí. Depois do golpe, o presidente não se constrangeu nem um pouco em nos mandar trabalhar e não falar de crise ou ir para o exterior e falar abertamente que foi golpe mesmo! Além disso, não se importou muito com a opinião pública e meteu pressão para a aprovação de medidas econômicas que, além de favorecer aos empresários, tornará a vida dos brasileiros miserável. E não será a longo prazo, é logo ali, é aqui e agora. E ainda, deixa correr a bicho solto as ações do Congresso, legitimando um tipo de política que há tempos não se via no país, onde o interesse privado prevalece sobre o público. Penso que o mais ético nesse caso, já que nosso país está tão turbulento, seria antecipar as eleições de 2018 e deixar que o povo, que deveria (em tese) ser soberano em uma democracia, tivesse a oportunidade de novamente eleger um/a presidente. No entanto, estou aprendendo que ética é uma coisa presente apenas em livros e aulas de filosofia. Na prática, ser ético é um defeito, geralmente associado a xingamentos dos mais diversos. Pena!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Enquanto isso, nosso Estado é desmontado. Os gaúchos elegeram um governador que não apresentou propostas durante a campanha. Com um sorriso largo e cara de gringo bonachão, as pessoas acreditaram mesmo que ele faria um bom governo, que estabilizaria a economia do Estado. Mas, na prática, o gringo se mostrou mais perdido que cusco em tiroteio, provando ser um mau administrador da máquina pública, parcelando salários, extinguindo fundações e autarquias, presenteando diversas famílias com desemprego e desolação neste final de ano. Acredito que esta é apenas uma das milhares de possibilidades e atitudes de enfrentamento à crise. Não creio que esta tenha sido a melhor atitude, nem a mais correta. Com certeza, é a atitude mais sofrível para os trabalhadores, que estudaram muito para conseguir aprovação em um concurso público, que passaram pela ansiedade da nomeação e conseguiram atingir seu objetivo. A crise foi desculpa pra boi dormir, pois provavelmente a extinção das fundações já estava na pauta do governo. Se não houvesse crise, haveria outra desculpa. Ou se criaria uma, estilo "1984" de Orwell.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Por fim, temos PSDB a frente da prefeitura pelos próximos 4 anos. Um governo que já se chega de maneira tensa com o servidor, mostrando que não estará disposto a dialogar. Um governo que promete o novo, buscando modelos de governos já falidos em outras cidades e estados. Um governo que não tem pressa em anunciar à população quem será seu secretariado e como será sua gestão. Um governo que acusa de racista quem pergunta cadê os negros e as mulheres da gestão. Um governo que está sendo construído por homens, brancos, acadêmicos, ricos, todos top top top da balada, e com alto nível de formação (que, diga-se de passagem, é acessível a menos de 10% da população brasileira). </span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Assim chegamos ao final desse ano sem fim cansados, exaustos, esgotados. Tinha enchido meus pulmões com ares de esperança para 2017, mas já o perdi. Se desenha um próximo ano difícil, truculento e com muitas lutas. Espero que, ao invés de assistir, que os brasileiros possam levantar a bundinha e ir pra rua, ainda que sem a camiseta da CBF. Pois, sinceramente, pode ficar bem pior.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b>Boas festas!</b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjej_lKzAeBbImKuRampD3Q1se_zN54RR031M2XNekcy5GfTX6fy_0K50dtygI04p4PZEsiMAFxRBSP78CbDpFBGjAbUhxIlN5m3AyvcIQRW5-ivn1Hzf3PRTYTuUnGrwq-KeeKOaTTZ10/s1600/mafalda-surge-de-um-conflito-de-uma-contradicao-a-crianca-aprende-uma-porcao-de-coisas-que-nao-se-devem-fazer-porque-sao-mas-e-sao-prejudiciais-acontece-que-quando-abre-os-jornais-134248.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="156" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjej_lKzAeBbImKuRampD3Q1se_zN54RR031M2XNekcy5GfTX6fy_0K50dtygI04p4PZEsiMAFxRBSP78CbDpFBGjAbUhxIlN5m3AyvcIQRW5-ivn1Hzf3PRTYTuUnGrwq-KeeKOaTTZ10/s320/mafalda-surge-de-um-conflito-de-uma-contradicao-a-crianca-aprende-uma-porcao-de-coisas-que-nao-se-devem-fazer-porque-sao-mas-e-sao-prejudiciais-acontece-que-quando-abre-os-jornais-134248.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/11303355437551108119noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7311605925019611550.post-82752301091104840792016-12-05T13:46:00.001-02:002016-12-05T13:46:45.764-02:00Vamos falar [de novo] sobre o aborto?<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nos últimos dias tivemos um grande avanço na questão do aborto, quando o STF descriminalizou um caso realizado com menos de 3 meses. Enquanto o assunto ainda é polêmica nacional, para aqueles que como eu defendem a liberdade de escolha da mulher, isso representa mais um passo para uma futura legalização do aborto. Destaco o incrível argumento utilizado pelo ministro Luís Roberto Barroso, que traz para a discussão um elemento fundamental para a análise deste cenário: <u><b>a mulher</b></u>! O ministro defende a autonomia da mulher, bem como sua integridade física e psíquica, incluindo na discussão os direitos sexuais da mulher e a igualdade de gênero. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>"Na medida em que é a mulher que suporta o ônus integral da gravidez, e que o homem não engravida, somente haverá igualdade plena se a ela for reconhecido o direito de decidir acerca da sua manutenção ou não. (...) O direito à integridade psicofísica protege os indivíduos contra interferências indevidas e lesões aos seus corpos e mentes, relacionando-se, ainda, ao direito à saúde e à segurança. Ter um filho por determinação do direito penal constitui grave violação à integridade física e psíquica de uma mulher"¹, afirmou Barroso.</i></span></blockquote>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Diante deste cenário, creio que seja importante destacar alguns pontos relevantes:</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>1) Legalizar o aborto para quem?</b></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A legalização do aborto se presta, principalmente, às mulheres pobres, marginalizadas, sem condições financeiras, que morrem todos os dias em decorrência de abortos mal feitos em clínicas clandestinas. Vivemos cegos para o que acontece dentro das vilas e favelas. Falamos em educação, quando muitas vezes as adolescentes pobres não sabem que podem pegar camisinha de graça no posto de saúde, por exemplo. Além disso, milhares de mulheres, independente da condição financeira, vivem relacionamentos abusivos. Não preciso lembrar que um relacionamento abusivo é também aquele onde a mulher não apanha, mas sofre violência psicológica e moral. Nestes relacionamentos abusivos, o não uso da camisinha representa o domínio do homem sobre a sua mulher. Então, imagine se essa mulher pedir para o companheiro usar a camisinha? Imagine ter um bebê nessas condições?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>2) Legalizar o aborto é uma questão de saúde pública!</b></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É uma triste realidade, mas todas conhecemos algum caso de amiga ou conhecida que tenha feito aborto. Todas conhecemos alguém que já fez um aborto clandestino! E isso é chocante! Ainda mais se pensarmos que essas mulheres poderiam ter morrido. Aliás, quantas morrem e não sabemos ou ficamos sabendo apenas por noticiários? Imagine se houvessem clínicas legalizadas, com vistoria e acompanhamento do Ministério da Saúde, ou que o próprio SUS pudesse realizar esse procedimento, com segurança e higiene? Pensando na saúde da mulher? </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>3) Legalizar o aborto é colocar a mulher no centro da decisão:</b></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Muitos argumentos contra o aborto colocam a vida do feto como principal fator para que não se realize um aborto. No entanto, um feto é, na verdade, uma potência de vida e não uma vida em si. Cabe lembrar que o sentido da vida é dado pelo meio, pelas trocas e pelas relações. Ou seja, uma mulher que quer abortar não tem ligação com esse feto, não deseja construir uma relação de cuidado e amor com ele. O amor entre mãe e bebê não é inato, é uma construção. Neste sentido, devemos pensar a vida que existe antes do feto: a mulher, a mãe, a gestante! É o corpo dela, a vida dela que está em jogo ali.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>4) Quem vai cuidar dessa criança?</b></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não podemos tratar o aborto como uma questão rasa. Provavelmente essa mulher que está optando por um aborto está passando por um momento muito delicado e, quem sabe, até de desespero. Independente se ela sempre quis ser mãe ou não, a decisão do aborto, geralmente, é uma decisão radical. Geralmente aquela mulher pensa não apenas na vida que ela poderá gerar dentro de si, mas em que condições ela vai viver e criar essa criança. Devemos ter o cuidado de não achar que a forma como vivemos é a mais certa, nem crer que apenas as nossas escolhas estão corretas. Muitas mulheres passam fome, mal tem grana para se sustentar, são estupradas, violentadas e não tem acesso aos direitos mais básicos para viver com dignidade. Você teria um filho nessas condições?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>5) Legalizar o aborto não quer dizer que vão aumentar os abortos realizados:</b></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Assim como não quer dizer que todas as mulheres sairão correndo porta afora abortando. Quer dizer que todas teremos o direito de decidir sobre nossos corpos, sobre nossos desejos e sobre nossa vida! Que todas as mulheres que optarem por esse procedimento, que tenham segurança e que seja garantida a sua saúde. Saliento, mais uma vez, aborto é uma decisão radical, é uma violência ao corpo, mas uma decisão que deve ser respeitada. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A saúde da mulher deve estar no topo, no centro da discussão. A vontade da mulher e a relação que ela estabelece com seu corpo deve ser respeitada. É contra o aborto? Não aborte! Mas que todas aquelas que desejam o fazer, que tenham o direito de decidir.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Isso sim é equidade :)</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: xx-small;">___________</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: xx-small;">¹http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/11/1836895-aborto-ate-o-terceiro-mes-nao-e-crime-decide-turma-do-supremo.shtml?cmpid=facefolha</span></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/11303355437551108119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7311605925019611550.post-72858073377424363852016-11-01T13:17:00.004-02:002016-11-01T13:17:59.232-02:00Sobre ser feminista e os feminismos por aí<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Criei este blog em 2011. Atualmente tenho um pouco mais de 50 textos publicados. Ao reler alguns deles é possível perceber as mudanças na forma como escrevo, o rebuscamento dos argumentos, o amadurecimento de algumas ideias, o abandono de outras e também minha crescente indignação. Eu tenho um posicionamento político, social e filosófico bem claro. Minha intensão neste espaço e na vida é discutir ideias, pensar conceitos, criar novas soluções, pensar fora da caixa. E foi neste processo de pensar fora da caixa que me percebi como mulher, como ser pensante, como cidadã, como alguém capaz de propor mudanças e, porque não, participar dessas mudanças. Neste processo, me percebi feminista, me percebi lutadora, me percebi munida de um discurso que precisa ser ouvido, discutido, pensado, teorizado e reverberado. Neste processo, percebi também a velha máxima do "falar é fácil", por isso, resolvi fazer.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O problema de quando nos assumimos X e não Y, é que tanto X quanto Y, quanto Z e todo o alfabeto, vem carregado de conceitos, pré-conceitos, preconceitos, normas, regras e ignorância. Ignorância aqui no sentido do desconhecimento, do não-saber. Não se ofendam, não é pessoal. Mas o esforço que pretendo aqui e que devemos empreender é no sentido de desconstruir a polaridade de X e Y e começar a olhar para o mundo como X, Y, Z, H, 27, 42C e toda multiplicidade e pluralidade humana, que não será jamais contemplada em categorias binárias. Dizer que sou feminista, por exemplo, é apenas um norte para que o outro (com o qual me comunico e que não sabe o que se passa na minha cabeça) entender como me posiciono e me manifesto no mundo. É para que o outro (que está fora de mim) saiba que eu compreendo as relações de uma forma tal e não de outra.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E se colocar hoje no mundo como feminista é muito difícil. Acredito que muitas mulheres têm receio de se posicionarem no mundo desta forma, pois compreendem o desafio que está embutido aí. E eu entendo. Isso já aconteceu comigo. É preciso uma força muito grande dentro de si para se colocar enquanto feminista no mundo, para enfrentar as desigualdades e injustiças que entranham nossa sociedade patriarcal, machista e sexista. É preciso mais força ainda para, de fato, fazer alguma coisa e enfrentar os preconceitos que envolvem o feminismo e suas lutas. Diante disso, me sinto compelida a compartilhar alguns entendimentos acerca de ser feminista.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Primeiramente, ser feminista é, em seu sentido mais básico, ter a capacidade de perceber que no mundo existem diferenciações sociais, políticas e econômicas entre homens e mulheres e aceitar isso como uma verdade. Assim, tanto homens quanto mulheres têm essa capacidade e podem aceitar o feminismo e os enfrentamentos decorrentes disso.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em segundo lugar, ser feminista não é ser petista, não é ser de esquerda, não é ser de um partido político, não é ser anarquista, nem radical. Acrescento também que ser feminista não é ser lésbica, não é ser mulher das cavernas, não é ser extremista, não é queimar sutiã em praça pública, não é ser contra depilação ou maquiagem, não é deixar de tomar banho, </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">não é ser contra os homens, não é ser heterofóbica, nem nada disso. Existem pessoas radicais dentro do movimento feminista? Sim, existem. Assim como existem radicalismos em todos os movimentos sociais, partidos políticos, em todos os lugares, até na reunião de condomínio, não é mesmo?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Terceiro, o feminismo tem diversas correntes teóricas, desdobra-se em diferentes movimentos, cada qual abarcando uma luta diferente, sob determinada ótica. Dentro do pensamento feminista existem discordâncias, existem posicionamentos diversos relativos as mesmas questões. Existe uma vasta literatura feminista, muitas pensadoras e obras a serem lidas, pensadas, discutidas. Feminismo, além de movimento social, é também teoria e produção de conhecimento. Não esqueça disso!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Afinal de contas, o que é ser feminista então?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Num sentido geral, é tecer um olhar sobre o mundo se questionando sobre as bases das relações homem-mulher. É perceber que, até mesmo nossas pequenas atitudes e as atitudes cotidianas, são moldadas para servir à manutenção do machismo em nossa sociedade, mesmo que não aparentem e que não nos demos conta disso. É indagar-se sobre quais oportunidades nos foram suprimidas apenas pelo fato de sermos mulheres. É perceber que somos mais que um corpo biológico e crer que este corpo, que possui um sexo, não deve determinar aquilo que somos, nem o que queremos ser. É separar gênero de sexualidade. É compreender que igualdade, equidade e justiça não são as mesmas coisas. É lutar, diariamente, cotidianamente. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No entanto, cada mulher assume seu feminismo de uma forma particular. Como já disse, existem sim as correntes radicais. Mas também existem as mulheres oprimidas, que não tem voz nem vez. E é para estas que devemos direcionar nossas práticas e discursos. Pois, se tomarmos o machismo como uma opressão fundamental, como fez Beauvoir por exemplo, se posicionar como feminista em um mundo machista e sexista como este que vivemos, é uma atitude revolucionária. E tudo aquilo que é revolucionário desestabiliza e amedronta. Mas, é preciso persistir.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Abordar questões sobre gênero nunca é fácil. Na verdade, está cada vez mais difícil. Mas é extremamente necessário e urgente! Sugiro a todos (homens e mulheres) que leiam "Sejamos todos feministas", da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, que de uma forma bem humorada trata sobre os desafios de ser feminista atualmente. É um livro curto, mas contundente. (E barato também!) Ali, a autora deixa claro que ser feminista não é ser contra maquiagem, depilação, ou ficar em casa cuidando dos filhos. Que mulheres feministas gostam de se cuidar, de trabalhar, de ganhar dinheiro. Que mulheres feministas, na verdade, podem fazer aquilo que elas quiserem e ninguém tem nada a ver com isso. Que mulheres feministas assustam pelo seu empoderamento e firmeza, mas que também são frágeis e precisam de afeto. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Principalmente, Chimamanda aponta para a existência de </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">algo que ainda não foi superado em termos socioculturais. Algo que está na constituição do indivíduo enquanto sujeito. Algo que se dá nas relações. Algo mais basilar e fundamental, que rege e configura as relações humanas. A leitura vale a pena!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Voltando à máxima do "falar é fácil", acredito que fazer algo, apesar de difícil, não é impossível. Se você olhar a sua volta e começar a se questionar sobre seu lugar no mundo e admitir que existe sim machismo, diferenciações de gênero e sexismo, já é um começo. Se você parar de naturalizar que meninas devem brincar de boneca e meninos jogar bola, como se fosse uma obrigação ou um determinismo, já foram duas coisas. E assim por diante. Meu papel aqui, através da filosofia, é questionar e provocar questionamentos. Meu trabalho é com discursos, conceitos e problemáticas. Mas também é de atitude e enfrentamento. Principalmente, deixar claro que não estamos sozinhas nessa. E, sobretudo, como já escrevi em algum outro texto, afirmar que esta luta está apenas começando, que não nos calaremos. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Empoderem-se, mulheres!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/11303355437551108119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7311605925019611550.post-54331108655849110712016-10-21T09:42:00.000-02:002016-10-21T09:42:15.942-02:00Carta de amor: uma reflexão sobre a autoimagem na infância<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Minha querida irmãzinha,</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Hoje eu li uma reportagem sobre meninas de 7 anos que já se sentem pressionadas a terem a aparência perfeita e fiquei muito triste, porque acredito que crianças não devem se preocupar com sua aparência. Crianças devem brincar, fazer amigos, ir para a escola, jogar bola, ler, ver filmes e desenhos, essas coisas. As crianças devem fazer coisas felizes, legais e divertidas, ao lado de pessoas que as amem e que elas amem também.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Fiquei pensando em nossa conversa de ontem durante a janta, em que tu estava preocupada com teu peso, por isso não poderia comer muito. Sei que sou chata quanto te digo quase todos os dias que o peso não importa, o que importa é estar saudável e feliz. Sei que sou insuportável muitas vezes com esse meu discurso. Mas tu já tem 11 anos, é inteligente, linda e perfeita, já entende muitas coisas e uma dessas coisas que pode compreender é que magreza não traz felicidade, minha irmã. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quando te perguntei ontem de onde tu tinha tirado essa ideia de que estava 2kg acima do teu "peso ideal", tu me respondeu que não sabia. De fato, acredito mesmo que não saiba. Acredito que muitas meninas também não sabem porque devem emagrecer se já são magras. Acredito que muitas meninas não sabem porque devem alisar os cabelos, quando seus cachos são lindos. Acredito que muitas meninas não sabem porque não podem jogar bola e se sujar na rua como os meninos, por exemplo. De verdade, eu acredito, por que de fato, tu e essas outras meninas não sabem de onde vem isso.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Existe em nossa sociedade um ideal de beleza, que muda de tempos em tempos. Esse ideal de beleza, minha irmã, é construído para que as pessoas, desde a sua infância, sejam moldadas e adequadas àquilo que é socialmente aceito. Mas isso, na verdade, é só uma das formas de controle sobre o corpo. Mesmo sem que tu perceba, teu cérebro recebe diversas informações durante o dia dizendo que para ser feliz e realizada tu tem que ser magra, de cabelos lisos e compridos, de bunda empinada, vestir uma determinada roupa, se maquiar, se depilar, entre outras coisas. Sinto te dizer, mas isso é uma grande mentira! As pessoas realmente realizadas e felizes são aquelas que conseguem não dar bola para isso e fazer aquilo que amam.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Logo estará de aniversário e muitas coisas vão mudar de verdade na tua vida. Afinal, como tu mesmo me diz, com 12 anos tu já é pré-adolescente! E essa é uma fase muito boa da vida, que não precisa ser vivida o tempo todo pensando no peso, na roupa, no cabelo, etc. Espero que tu consiga te ver da mesma forma que nós que te amamos te vemos: linda, divertida, simpática, inteligente, amável, carinhosa e com um cabelão-juba-de-leão lindo, de causar inveja! </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Tu é única! E te amo assim e te amarei do jeito que for!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Um beijo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/11303355437551108119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7311605925019611550.post-7547334971486700482016-10-11T12:55:00.000-03:002016-10-11T12:55:02.656-03:00Empodere uma menina que ela mudará o mundo<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Dia das Meninas, o que falar? O que propor de novo ao pensamento que ainda não foi dito, redito, repetido e entoado milhares de vezes por milhões de vozes? O debate sobre gênero enche o saco, compreendo. Mas é justamente por este motivo, de incomodar os acomodados, que ele se faz tão necessário. Em tempos de polarização, de exacerbação de valores tradicionais e condutas patriarcais, entendo o "Dia das Meninas" como um momento para pararmos e pensarmos como estamos cuidando de nossas meninas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O que ainda não se percebe em nossa sociedade, e isso é uma pena, é que as conquistas direcionadas à equalização entre homens e mulheres repercutem em toda a sociedade, para mulheres e homens. Uma sociedade que acomoda as funções dos seus indivíduos conforme seus talentos e aptidões e não conforme o gênero, certamente é uma sociedade melhor, pois vê o indivíduo nas suas potencialidades e não naquilo que lhe é externo. Se uma pessoa possui um talento para gestão de dados, por exemplo, não importa se é homem ou mulher. Da mesma forma para dar aulas, dirigir, lavar uma louça e ou cuidar dos filhos. Ao conseguirmos romper com a barreira sexista, poderemos deixar livres todos os indivíduos para realizarem aquilo que desejam, independente do seu gênero. Este é um desafio e tanto. Uma longa caminhada que apenas começamos a trilhar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Por onde começar? Sugiro pela educação e pela saúde. Assim, por consequência, acredito que estaremos também educando e cuidando dos meninos. Pois hoje os homens não são educados para lidar com mulheres empoderadas, ao passo que há um empoderamento feminino crescente. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Empoderamento é um movimento, é uma ação. Foucault já afirmava que o poder é um exercício, que se dá em uma relação. Empoderar é, neste sentido, uma conquista, que deve ser exercida no dia a dia, em todas as relações, desde pequenas, desde meninas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">"Empodere uma menina que ela mudará o mundo" (ONU Mulheres).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/11303355437551108119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7311605925019611550.post-54237136420163851662016-08-29T16:21:00.000-03:002016-08-29T16:21:05.847-03:00A mulher-diabo e o homem-virtuoso<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A Idade Média nos presenteou com a rejeição do corpo. Aquilo que antes era parte da integralidade do homem, passou a ser objeto de pecado, de ocultação, objeto de negação, de depósito de castigos, proibições, punições. O corpo era objeto de desejo e pecado. E o corpo da mulher, duplamente pecaminoso, foi demonizado, culpabilizado, exorcizado, punido, suplicado, queimado, enforcado, mutilado, muitas vezes escondido da barbárie e do desejo incontroláveis. A mulher desde então carrega o fardo do pecado, seu corpo é símbolo da volúpia desmedida, é o demônio que tenta o homem virtuoso, devoto, cristão. <i>"O diabo é mulher e cheira como a rosa"</i> cantam Papas da Língua.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>Ora</i>, pensa o homem-virtuoso, <i>sendo esta mulher o próprio demônio que vem me tentar, por que eu permitirei que ela trabalhe aqui na minha empresa? Já não me basta eu ter que tolerá-la em minha casa, agora terei que aturar ela em meu trabalho também?</i> E este homem-bondoso-virtuoso acabou permitindo, após um tempo, que esta mulher trabalhasse. E lá se foi a mulher-diabo trabalhar e provocar o homem-virtuoso.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Aconteceu que, em alguns lugares, a mulher-diabo executava seu trabalho melhor que o homem-virtuoso. <i>E agora? Ela vai ser minha chefe, é isso?</i> E o homem-virtuoso passou a competir com a mulher-diabo no mercado de trabalho. E pouco a pouco, a mulher-diabo foi infiltrando-se nos mais diferentes nichos ocupados pelos homens-virtuosos, inclusive na política. E a gota d'água, o ultraje maior, iniciou quando as mulheres-diabos começaram a construir mudanças sociais e políticas, mudanças de educação, de políticas públicas, de saúde, conquistas de direitos; quando começaram a assumir papéis importantes no governo e na economia. <i>Ora, veja, chegaram à presidência da República, que isso? Isso não vai parar?</i>, indaga-se desolado o homem-virtuoso.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E a mulher-diabo sorri alegremente. <i>Ainda há muito por vir. Estamos apenas começando.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/11303355437551108119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7311605925019611550.post-18994165680623608092016-06-20T11:24:00.002-03:002016-06-28T12:35:21.994-03:00Nós e nossos corpos dóceis*<span style="font-family: verdana, sans-serif; text-align: justify;">Quando li a notícia, fiquei chocada. Houve quem me perguntasse em qual país isso aconteceu. Embasbacada, respondi que a menina havia sido estuprada no Rio de Janeiro. O almoço seguiu silencioso. Reflexiva, percebi que a vida das mulheres não vale nada. Nada mesmo. Somos formigas sendo esmagadas em um país de machões. Somos chama que se apaga com o sopro da violência. Vivemos o reflexo de uma sociedade injusta e machista. E não sabemos até onde isso vai chegar.</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Foucault aborda o conceito de ‘<b>corpos dóceis</b>’, que é quando o corpo passa a ser objeto e alvo de poder, um<i>“corpo que se manipula, se modela, se treina, que obedece, responde, se torna hábil ou cujas forças se multiplicam”¹</i>. Através da manipulação daquele corpo, ele se torna dócil, podendo ser transformado e aperfeiçoado. O corpo torna-se um objeto social no qual estão impostas as limitações, as proibições e as obrigações. A disciplina sobre o corpo permite o controle minucioso das operações, promovendo a relação mecânica do poder.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Essa noção de ‘corpo dócil’ está enraizada em nossa sociedade. Seja na fabricação de modelos de beleza, seja para a produção de mão de obra eficiente. A disciplina sobre o corpo vem produzindo, ao longo das décadas, problemas sociais que hoje aprofundam-se com o discurso do ódio e a promoção da violência. A onda do “politicamente correto” acabou, dando espaço as mais diversas manifestações que, em nome da liberdade individual, convocam fiéis dos mais radicais e disseminam seu discurso hostil. Me parece que ser machista está na moda, ser racista está na moda, ser homofóbico está na moda, tudo isso aclamado e corroborado por Deus em defesa da família, da moral e dos bons costumes.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b>Mas isso não me parece certo.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Historicamente, as mulheres vêm sofrendo as consequências da disciplina sobre os corpos. O corpo da mulher representa um modelo de sociedade onde tudo aquilo que não se encaixa no modelo idealizado deve ser combatido ferrenhamente. Não é à toa que vivemos um momento no qual o discurso do ódio se alastra com a velocidade de um clique, um momento em que a violência toma conta das ruas e dos lares, um momento onde não há respeito sobre si, muito menos sobre o outro. Tempos sombrios de intolerância generalizada.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Nossos corpos devem ser submissos, devemos ser dóceis, boas esposas e mães zelosas. Devemos cuidar de nossa aparência, aceitar a violência caladas, de preferência, acostumar-nos a ela. Devemos trabalhar o dia todo e chegar em casa com disposição para cuidar dos filhos, da comida, da louça, das roupas, dos temas de casa, do banho, das contas, sem reclamar, sem irritação, sem cansar, sem desistir, pois isso tudo é normal e sempre foi assim. Devemos agradar nossos maridos, satisfazê-los sexualmente, sempre sexy sem ser vulgar, mas apenas entre quatro paredes, pois mulher tem que ser puta na cama e não na fama. Se apanhamos, a culpa é nossa; se somos demitidas, a culpa é nossa; se nossos filhos são ladrões, drogados ou traficantes, a culpa é nossa; se somos estupradas, a culpa é nossa; se somos mães solteiras, a culpa é nossa; se somos assassinadas, a culpa é nossa; de novo e de novo outra vez. Se somos estupradas diversas vezes por diferentes homens durante vários dias, a culpa certamente é nossa. Pois merecemos. Nós pedimos. A culpa é sempre nossa. E não somos vítimas. Apenas nos fazemos de coitadas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b>Esse é o peso que nossos corpos dóceis devem suportar. Todos os dias. Até quando?</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">___________________________________</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: xx-small;">Referências</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: verdana, sans-serif;"><span style="font-size: xx-small;">¹FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: História da violência nas prisões. Trad: Ligia M. Podeé Vassallo. Petrópolis: Vozes, 1987, p. 125.</span></span><br />
<span style="font-family: verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-family: verdana, sans-serif; font-size: x-small;">____________________________________________</span><br />
<div style="text-align: start;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: xx-small;">*Este texto foi publicado originalmente em <a href="http://www.fridadiria.com/corpos-doceis/" target="_blank">Frida Diria</a>, em 10 de junho de 2016.</span></div>
<div style="text-align: start;">
<br /></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/11303355437551108119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7311605925019611550.post-55896033378519083852016-05-10T12:22:00.001-03:002016-05-10T12:22:02.352-03:00Bela, recatada e do lar: um manifesto<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Demorei um tempo para finalizar esse texto. Pensei e refleti muito, pois ainda hoje acontecem coisas que me deixam embasbacada quando falamos sobre as mulheres. Quando falamos no lugar social que nós mulheres queremos ocupar e o quanto isso reverbera em nossa sociedade. Pois (sim) nós mulheres ocupamos e continuaremos a ocupar lugares sociais, não ficaremos apenas em casa sendo belas, recatadas e "do lar". Nada contra, mas queremos mais.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Esse manifesto é essencialmente dirigido às mulheres. A todas que, assim como eu, manifestaram-se nas redes sociais contra tudo aquilo que representa hoje ser "bela", "recatada" e "do lar". Mas, principalmente, a todas aquelas mulheres que não tem voz, que não tem vez, que são belas, recatadas e do lar por ser essa a única realidade que elas conhecem. Ou porque não conseguem romper com esse modelo, ou tem medo, etc. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">E, afinal, o que representa hoje ser "bela, recatada e do lar"? É ruim ser assim? Primeiramente, já deixo bem claro que não há nada de errado em ser bela, recatada e do lar. <u>Se</u> (e somente se) isso for uma opção da mulher. Cada uma deve ser aquilo que quiser e quem não sabe o que quer, que tenha a liberdade de descobrir. E se não quiser ser nada, tudo bem também. Porém, o significado de ser "bela, recatada e do lar" no contexto da revista Veja, é muito profundo e profere um modelo de sociedade. Remete ao modelo patriarcal de sociedade em que o homem é o provedor da família enquanto a mulher cuida da casa e dos filhos, recatada e resignada em sua posição inferior, sem direito a desejos e vontades, mantendo sua beleza para que o marido possa lhe usar. Uma mulher que tem valor, que é para casar, que faz um homem ser um homem de sorte.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Essa definição lhe parece estranha? Muito antiga? Todo mundo já falou sobre isso, e daí? Bom, e</span><span style="font-family: verdana, sans-serif;">u moro em uma capital de um dos Estados considerado mais politizados de nosso imenso país. Se eu olhar com cuidado para minha cidade, para minha vizinhança, para minha família, consigo ver presente esse modelo de mulher "bela, recatada e do lar", arcaico, patriarcal, que aprisiona suas mulheres em casa no cuidado dos filhos e dos afazeres domésticos. Modelo esse defendido e mantido por mulheres e homens, passando de geração para geração. Modelo esse que, aos poucos, vamos rompendo, trazendo novas possibilidades, novas vontades, novos caminhos. Modelo esse muito presente em lugares onde a informação e a política ainda caminham a passos lentos e pequenos, lugares onde ainda há um patriarcado muito forte, lugares que não enxergamos pois não estão no facebook ou no instagram. Lugares onde as mulheres não se manifestam pois isso não faz sentido na vida delas, pois elas estão bem casadas, em suas casas, cuidando de seus filhos enquanto seus maridos trabalham e frequentam bordéis (sim, gente, isso acontece!). Lugares esses que elegem deputados que, ao votar sobre o impeachment de nossa presidente, clamam pela família e por Deus, pela moral, pela ética e pelos bons costumes. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Pensar a política em nosso país, ser contra ou a favor do impeachment, mais do que uma questão puramente política e econômica, é também uma questão social, pois todo o projeto político de governo traz consigo um modelo de sociedade para a qual se vai governar. </span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Para mim, está bem claro. Naquele domingo, votou-se a favor do impeachment de uma presidente mulher, a primeira de nosso país (e isso é importante sim!), que militou contra a ditadura militar, que foi presa e torturada, que teve seus direitos políticos cassados e que sobreviveu a tudo isso. Na segunda-feira, após aprovação do impeachment, somos apresentados ao modelo de família brasileira ideal e perfeita, onde os homens mandam e as mulheres obedecem. Onde os homens governam, enquanto as mulheres lavam a louça e depilam suas pernas. Onde mulher boa, é mulher "do lar". E isso basta.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Nesses termos, você pode até achar que é exagero de minha parte, mas acredito que se pensarmos a base social de nosso país, chegaremos a este modelo ideal de família. Veremos com clareza, que existem muito mais Bolsonaros por aí do que imaginamos. Perceberemos que não é impossível (talvez nem difícil) o retorno dos valores tradicionais como ideal de sociedade brasileira. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Não tenho nada contra mulheres que não trabalham e ficam em casa cuidando de seus filhos e dos afazeres domésticos, enquanto seus maridos trabalham. Acredito que este é apenas um dos diversos modos de se constituir uma família. Este é apenas um dos diversos modos de se viver em nossa sociedade. Acredito que todas as mulheres são belas, que apenas algumas são recatadas e que ser "do lar" deva ser uma opção e não a única. Acredito que mulheres que trabalham têm valor, que mulheres que não tem filhos têm valor, que mulheres que gostam de mulheres têm valor e que cada mulher decide o que é melhor para o seu corpo. Que as mulheres de todos os nossos "brasis" sejam representadas, ouvidas e, acima de tudo, respeitadas. Seja de shortinho ou de vestido abaixo do joelho, seja vadia ou recatada, seja trabalhando ou ficando em casa. Que ecoem e reverberem os nossos gritos. Que não nos calemos. Ainda há muito caminho para caminhar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/11303355437551108119noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7311605925019611550.post-71273408093435294322016-03-17T11:14:00.002-03:002016-03-17T11:14:43.295-03:00Em qual lado você está?<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Imagine você morar em um país onde o cafezinho custe 50 centavos e não 3 reais. Imagine você morar em um país onde a passagem de ônibus é 2 reais e estudante é isento. Imagine você morar em um país com preços baixos para alimentação e itens básicos de consumo. Imagine você morar em um país com segurança dia e noite, podendo andar pelas ruas tranquilamente as 10 da manhã ou as 2 da madrugada. Imagine você morar em um país onde a educação de melhor qualidade é a educação pública. Um país onde não hajam filas nos hospitais. Um país sem miséria, sem pobreza. Um país sem corrupção. Um país em que quem rouba, seja dos cofres públicos, seja de entidades privadas, seja uma bolsa no meio da multidão, tenha a pena devida e justa. Já se imaginou? É esse país que queremos?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Existe, no Brasil, uma linha muito tênue entre público e privado, entre pessoas e partidos, entre legalidade e ética. Ao mesmo tempo que existem lados opostos tão radicais, o meio campo está difuso e confuso. E muitas coisas acontecem entre uma ponta e outra. Coisas possíveis e coisas inacreditáveis. Vivemos hoje um momento histórico e cada um quer escrever a história do seu jeito. Cada um quer mudar o rumo da história do seu jeito. Cada um quer defender o seu rabo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Este tempo que vivemos hoje pede atenção, calma e análise. Mas o que vemos são pessoas desnorteadas querendo tomar um lado <u>da mesma</u> moeda. Isso não me parece certo. Tudo está acontecendo em uma velocidade tão rápida que não temos a pausa necessária à reflexão. Precisamos (e muito) refletir. Caso contrário, somos tomados por um fervor que nos torna violentos, agressivos, radicais, acirrados. A velocidade é característica de nosso tempo. Mas ela também pode nos engolir.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Estamos fartos de corrupção. Estamos fartos dessa política podre que visa o enriquecimento dos partidos aos invés de um governo que, de fato, governe em prol da nossa sociedade. Estamos fartos de pagar 5 reais por 3 bananas. Chegamos ao ponto da saturação. Por isso a revolta, por isso a indignação, por isso o povo vai às ruas. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Porém, não podemos deixar de considerar que nós, brasileiros, majoritariamente, só pensamos em política quando falamos em eleições. Ou quando somos excitados por notícias de corrupção. Nós não exercemos nossa cidadania no dia a dia. Aplicamos os princípios da moralidade ao outro e não aplicamos a nós mesmos. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não aprendemos a ser cidadãos e sim consumidores. E é como consumidores que nos voltamos contra o governo. Não queremos um cafezinho que custe 50 centavos, queremos ter poder aquisitivo para pagar os 3 reais do café. Não queremos SUS, queremos poder ter plano de saúde. Não queremos escolas públicas, queremos ganhar o suficiente para poder pagar uma escola particular. Não queremos andar na rua as 2 da madrugada com segurança, queremos ter dinheiro para comprar um carro maravilhoso e caro para não precisar andar na rua de madrugada. Queremos comprar e consumir e não melhorias nos serviços públicos. E é desta forma que lidamos com o governo, com os políticos, com o discurso do "pago meus impostos". Sendo que a cidadania é muito mais, é muito maior. A cidadania é cotidiana. Criticamos os políticos e governantes por fraudes e desvios, mas tudo bem pegar canetas e pacotes de folhas do trabalho e levar pra casa para uso pessoal. Criticamos a posse de Lula como ministro, mas tudo bem em usar o cargo ou influência para conseguir informações privilegiadas. Criticamos a ilegalidade dos atos dos governos, mas temos todo o direito que gritar e xingar se perdemos o prazo legal para requerimento de qualquer coisa. Criticamos as manobras governamentais e políticas que vemos todos os dias na mídia, mas tudo bem furar a fila gigantesca do busão. Não somos cidadãos. Não sabemos ser.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Lula como ministro está feito. É legal, ou seja, está amparado pela lei. Cargos de confiança são de livre nomeação e exoneração. Está na lei. Se a presidente está impedida de assumir o cargo, seja por renúncia, seja por impeachment, quem assume é o vice. Está na lei também. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A pergunta que devemos fazer é mais profunda: é ÉTICO Lula ser ministro em um momento político como esse? É MORAL a Dilma nomeá-lo depois de tantas denúncias? Lei e ética são coisas distintas. Falta ética em nosso governo. Falta ética em nossas vidas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Se eu aprendi algo com a filosofia que me valeu para a vida foi a análise e a reflexão. Principalmente em tempos fervorosos como esses que vivemos hoje. Precisamos parar para pensar, refletir, respirar fundo e nos perguntarmos: qual o Brasil que queremos? O que você está disposto a fazer para tornar nosso país melhor?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/11303355437551108119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7311605925019611550.post-32944597064212535612016-03-08T21:11:00.002-03:002016-03-08T21:11:21.959-03:00Sobre mulheres e rosas<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Hoje pela manhã ouvi que hoje é o dia das mulheres ganharem rosas pelo seu dia. E, ao longo do dia, vi diversas mulheres segurando orgulhosas suas rosas lindas, perfeitas e sem espinhos. Fiquei pensando nas rosas sem espinhos. Afinal, acredito que os espinhos devem ter alguma utilidade, não é mesmo?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Acredito que nós mulheres somos como as rosas. Nascemos cheias de espinhos que vamos perdendo e cortando ao longo de nossa vida. Nascemos livres e vamos nos aprisionando com o passar do tempo. A sociedade tenta [o tempo todo] nos moldar como perfeitas rosas sem espinhos e vamos tentando fugir das podas para manter nossos espinhos. Ou pelo menos algum deles.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>Não pode ser gorda, não pode ser muito magra. Não pode ser muito alta nem muito baixa. Não pode falar demais, mas também não pode ser calada. Não pode cabelo muito curto nem muito comprido. Bem capaz ter cabelo crespo! Bom mesmo é que seja liso. Não pode usar shortinho, mas [por favor] mostre seus peitos. E balance também. Use roupas apertadas que mostrem as curvas. Afinal, mulheres tem que ter curvas. Não pode abortar, melhor mesmo é ser mãe solteira, te rala. Ninguém mandou não usar camisinha ou não tomar pílula. Se não trabalha, é escorada. Mulheres não sabem dirigir. Mulheres devem pilotar o fogão. Mulheres sempre sabem porquê estão apanhando. Mulheres tem medo de baratas. Mulheres precisam ser submissas. Meninas de 10 anos já são capazes de seduzir. Se sabe cozinhar, já pode casar. Se não cozinha, que pelo menos cuide da casa, seja uma mãe zelosa e boa esposa. Se trabalha, é muito independente. Se está de saia curta, merece ser estuprada. Se vai de vestido para o trabalho, pode ser assediada. Se denuncia assédio, é mentirosa. Se está na rua à noite, não se respeita. Se transa na primeira noite, é vagabunda. Se dá opinião, está se expondo. Se beija muito na balada, é puta. Se transa porque está com vontade, é vadia. Se não ama ser mãe, é vadia. Se discute política, é vadia. Se defende os direitos da mulher, é vadia. Se fala sobre machismo, é vadia. Se é homossexual, é vadia. </i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ao longo de nossa vida toda sofremos com nosso corpo, com nossas atitudes, com nossas escolhas, com nosso jeito de ser. Sofremos a com violência, com o medo, com o machismo, com os falsos moralistas, com as regras e normas sociais. Sofremos caladas dia a dia. Sofremos sem saber o que fazer. Sofremos sozinhas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Entendo que o Dia da Mulher é um momento para pensarmos o papel da mulher na sociedade, no mercado de trabalho, nas relações institucionais, na política, na escola, no lar, na criação dos filhos... Pensarmos a posição feminina em todos os lugares que ocupamos. Pensarmos, discutirmos e construirmos. Pensarmos em termos de justiça, de igualdade de salários e condições de vida. De pensarmos as nossas escolhas e nossos direitos. De respeitarmos nossos corpos, de escolhermos de que maneira queremos viver. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nada contra as rosas lindas e sem espinhos. Acredito ser este um gesto de carinho e reconhecimento. Mas, carinho por quem? Reconhecimento pelo quê?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/11303355437551108119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7311605925019611550.post-88789786208160770292016-02-26T13:57:00.002-03:002016-02-26T13:57:18.587-03:00Não é pelo shortinho<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O que mais me impressiona no ser humano é sua capacidade de dissimular, de distorcer coisas, opiniões, fatos, ideias, campanhas, manifestações... E, principalmente, me impressiona a capacidade de simplificação de coisas complexas, não dando as coisas complexas a sua devida importância. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Existe um abaixo-assinado em que meninas de 13 a 17 anos estão exigindo poder usar short na escola durante o verão. A reivindicação é legítima, pois vivemos em uma cidade muito quente, sentimos muito calor e nós mulheres saímos na rua assim, de shortinho mesmo. Porém, e</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">m meio a todas as discussões que estão sendo levantadas, eu (ainda) fico pasma com a quantidade de pessoas julgando essas meninas, ao invés de apoiá-las. Pasmo (ainda) com a quantidade de pessoas que levam para o lado da erotização dos corpos. Pasmo (ainda) com os xingamentos sujos e nojentos. Pasmo (ainda) com a naturalidade que as pessoas julgam e condenam os outros. Como diz meu pai "Um diz <i>'mata'</i> e o outro diz <i>'enforca!'</i>". É uma caçada às bruxas do século XXI.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Vivemos em uma sociedade machista. Uma sociedade que oprime as mulheres. Que chama de <i>vadia</i> aquelas que lutam por seus direitos e não se calam. Uma sociedade que não nos permite abortar com saúde. Uma sociedade que, nas palavras de Foucault, quer docilizar nossos corpos. D</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">iante disso, nós vadias não nos calamos, gritamos, clamamos por nossos direitos, por nossos corpos, por nossa liberdade, por nossas vontades. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Só que essa busca incomoda, os gritos ensurdecem, nosso clamor irrita, nossa chama libertária queima. Incomodamos homens e mulheres machistas que não querem uma sociedade mais igualitária e justa, que não conseguem ver o espaço da mulher como um espaço democrático, de luta, de direitos, de individualidades, de liberdades, de saberes, de querer, de conquistas. Irritamos todos aqueles que se sentem ameaçados pela nossa liberdade, pela nossa capacidade de conquistas, pela nossa inteligência, pelas nossas vontades. Incomodamos aqueles que estão acomodados em sua posição de poder. Afinal de contas, é disso que se trata: relações de poder.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Voltando às gurias do abaixo-assinado. Penso que as invejo. Eu tenho 29 anos e só fui pensar na questão da mulher com mais de 20. Me incluí no discurso feminista há menos de 5 anos. Essas meninas com 13, 15 anos já têm claro seu espaço de lutas. E dentro da escola! Escola: o lugar que vamos desde muito cedo para nos desenvolvermos, crescermos, sermos cidadãos. Escola: o lugar onde somos educados a pensar e viver. Escola: o nosso primeiro lugar de lutas. As invejo porque eu gostaria de ter estudado em uma escola que me provocasse a vontade de lutar pelo meu espaço social, pelo meu corpo, pelo meu ser. Eu queria ter estudado em uma escola que me desse aulas de matemática em quantidade equivalente as aulas de filosofia. Eu queria ter estudado em uma escola que me fizesse perceber que o corpo é meu, que eu faço com ele o que eu quiser, inclusive um abaixo-assinado para usar short nesse calor massacrante que vivemos nos verões porto-alegrenses.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Essas meninas desta escola colocam mais uma vez o machismo em discussão. E discutir o machismo incomoda, pois não conseguimos nos dar conta de como ele está enraizado em nossas práticas sociais. O machismo cresce e se fortalece em nossos pensamentos, mesmo quando não queremos. </span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">E quando falamos o óbvio, somos taxadas de "exageradas", "histéricas", "frescas", ou como diz a Fernanda Torres, "vitimizamos</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"> o discurso feminista". Ah, tenha dó!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Precisamos virar a página e avançar. Queremos a liberdade e a segurança de ir e vir. Queremos ser gordas ou magras, altas ou baixas, loiras ou morenas. Queremos ser livres para escolhermos ter filhos ou não. Queremos usar salto ou chinelo, queremos usar calça ou short. Queremos ser nós mesmas, sem padrões e vontades alheias aquilo que reside em nós. Queremos ser ouvidas e respeitadas. Queremos ser mulheres em nossa plenitude feminina. Queremos apenas respeito para sermos aquilo que quisermos ser.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/11303355437551108119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7311605925019611550.post-19468640722285397472015-12-08T12:22:00.000-02:002015-12-08T12:22:00.288-02:00Eu tentei<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Acho que desde nova eu já sabia que era diferente. Desde nova já me percebia com pensamentos incomuns, querendo fugir do pensar mediano, midiático, senso comum. Desde nova eu não me encaixava nos grupos de pessoas populares no colégio. E eu nem queria. Muito menos me importava. Eu gostava de ser eu, mas não podia dizer isso para todos, pois eu era <i>diferente</i>.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eu sempre fui gordinha. Sempre. Por muitos anos eu tentei ser magra e emagrecer a todo custo. Por muitos anos eu acreditei que só seria bonita, aceita, rodeada de amigos e feliz (sim!) se fosse magra. Por muito tempo eu realmente achei que se eu fosse magra o mundo se abriria para mim e eu viveria magicamente feliz, como nos filmes da Disney. Ser gorda era meu desafio e eu devia superá-lo. E eu tentei. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Tentei muito. Muito mesmo. As vezes acho que ainda tento, mas não fico mais me punindo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eu tentei inúmeras vezes entrar numa calça jeans 36 que empina a bunda e te deixa super gostosa. Eu tentei entrar naquelas blusas coladas, que espremem teus órgãos só pra empinar os peitos e definir a cintura. E eu nem tenho cintura! Eu tentei esconder os pneus, não balançar tanto os braços, fazer todos os truques que as revistas mandam, usar calças justas e blusas largas, colocar cinto mais acima da cintura, comer só laranja, tomar suco de berinjela. Dietas das mais loucas: da lua, do sol, do abacaxi, da sopa, da maçã, todas as frutas, não comer carne, comer só carne. Eu fiz. Li livros e mais livros de dietas. Me enganava toda vez que comprava um tênis novo, pensando "agora eu começo a academia". Só me iludi. E fui iludida também.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sempre corri atrás de uma ideia de felicidade que me arrebatava todos os dias. Novelas, filmes, seriados, livros, músicas, revistas: todos me diziam "<i>seja magra que será feliz</i>". Um mantra fácil de decorar e impossível de seguir. Por quê? Porque não sou magra, minha estrutura não é magra, meus prazeres não são magros, minha felicidade não é magra. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Demorei bastante tempo para me descobrir não-magra e muito mais tempo ainda para me aceitar assim. Muito tempo até perceber que como certinho, mas sou sedentária. Muito tempo até desencanar que eu prefiro sim ler um livro do que puxar ferro na academia. Muito tempo até entender que tenho fome de lasanha, batata frita, pizza e não fome de alface com rúcula. Muito tempo para equilibrar a mente, acalmar o coração, chutar o balde e ser feliz. Feliz AND gordinha.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Demorei mais tempo ainda para perceber que eu tenho amigos. E já tinha lá naquela época do colégio, mesmo sendo "diferente", gordinha e tímida. Demorei muito tempo para perceber que as pessoas poderiam gostar de mim pelo que eu sou e também pelo meu corpo. Pois assim como tem gente que gosta do corpo magro, tem quem goste do corpo gordo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Hoje já consigo diferenciar magreza de bulimia (que eu também tive). Consigo diferenciar magreza e comer bem. Consigo diferenciar magreza de saúde. E comer bem e saúde eu tenho bastante! Só sou gorda. Ou gordinha, como alguns preferem chamar. Enfim, não sou magra. Nunca serei. E tudo bem. A vida segue.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/11303355437551108119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7311605925019611550.post-10947801074138765032015-08-18T14:33:00.001-03:002015-08-18T14:33:28.577-03:00Batom vermelho<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 19.9999942779541px;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Domingo, 8 horas da manhã, Porto Alegre. Faz frio e o tempo está nublado. Pego o primeiro ônibus que passa. A cobradora é simpática, usa um batom vermelho vibrante e tem as unhas pintadas com flores. Eu estava acordando, mal tinha engolido um café. Aquele visual colorido logo cedo me chocou.</span></span></div>
<div style="border: 0px; line-height: 19.9999942779541px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgI2J9EGMLfbOoWrp_QVcYIUGB7QB7VHUpChc2AN8pPcEOpqIZ-bcWC-svwSdSGe73eYM16yCbcrFTvLz36mFL7Q4p0EQOYOicouX5Z1u5jKxB-KIpqNXCS7CHZ0RB1L-ue9osXNlfIaXw/s1600/maquiagem-moda.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgI2J9EGMLfbOoWrp_QVcYIUGB7QB7VHUpChc2AN8pPcEOpqIZ-bcWC-svwSdSGe73eYM16yCbcrFTvLz36mFL7Q4p0EQOYOicouX5Z1u5jKxB-KIpqNXCS7CHZ0RB1L-ue9osXNlfIaXw/s200/maquiagem-moda.jpg" width="200" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 19.9999942779541px;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O ônibus estava vazio, tinham umas 5 pessoas. Eu sentei no fundo, na janela. Queria dormir um pouco até chegar ao centro da cidade. Escorei minha cabeça na janela, fechei os olhos, cruzei os braços, me aconheguei no banco.</span></span></div>
<div style="border: 0px; line-height: 19.9999942779541px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 19.9999942779541px;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Hoje vai ter manifestação. Coisa mais ridícula isso!, disse a cobradora.</span></span></div>
<div style="border: 0px; line-height: 19.9999942779541px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 19.9999942779541px;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>"Porra, tia, política a essa hora?"</i>, pensei. Mas resolvi escutar. Afinal, uma das minhas grandes paixões na filosofia é a teoria política. E a dona seguiu seu discurso:</span></span></div>
<div style="border: 0px; line-height: 19.9999942779541px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 19.9999942779541px;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Querem tirar a presidente pra colocar um pior. Eu não sou do PT, nem gosto do PT, mas também não sou boba, né? Eu penso as vezes. Imagina se o PSDB tivesse eleito o presidente? O Brasil todo iria estar como o nosso Estado. Quebrado, falido, parcelando salário. Coisa horrível parcelar salário. Por isso eu não sou funcionária pública. Imagina, ficar na mão de políticos pra receber teu salário, pagar tuas contas.</span></span></div>
<div style="border: 0px; line-height: 19.9999942779541px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 19.9999942779541px;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E assim ela seguiu seu discurso. Falou sobre política até o ônibus chegar ao centro. Desci.</span></span></div>
<div style="border: 0px; line-height: 19.9999942779541px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 19.9999942779541px;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Enquanto caminhava pelas ruas desertas e frias do centro, fiquei pensando naquela mulher. Em seu batom vermelho e suas palavras. Ela não me parecia ser muito letrada. Falava de maneira despojada, cheia de gírias. Não devia ter muito estudo. Poderia facilmente proferir o discurso da grande massa, insatisfeita com o governo, que absorve aquilo que assiste na tevê e reproduz sem o pensamento crítico. Mas não. Ela, ali, naquela hora, para aquelas sonolentas pessoas, deu a opinião sincera dela. Quem dera que mais pessoas fossem assim. Independente de quem vota, o que acha certo ou errado para o nosso país. Mas que mais pessoas pensassem e não só reproduzissem.</span></span></div>
<div style="border: 0px; line-height: 19.9999942779541px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 19.9999942779541px;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em tempos de instabilidade e insatisfação, precisamos de mais senhoras com batons vermelhos e unhas pintadas com flores para nos fazer acordar.</span></span></div>
<div style="border: 0px; font-family: Helvetica, Arial, 'Droid Sans', sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.9999942779541px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br />
<br /></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/11303355437551108119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7311605925019611550.post-59144339044738956162015-07-02T10:47:00.000-03:002015-07-02T10:59:30.494-03:00Aguardando a próxima<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Estamos acostumados, em nosso país, a atacar os problemas e não as causas. </b>Isso é histórico, mas é possível mudar. Quando estamos realmente motivados, indignados, saímos às ruas e protestamos, manifestamos, mostramos nossa voz. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O problema é que só saímos pra rua quando somos motivados por forças externas, com intenções além. Então, não temos voz, somos papagaios. Somente reproduzimos discursos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Somos constantemente bombardeados com notícias e comentários sobre a situação do país. A mídia tem o péssimo costume de colocar pessoas contra pessoas. Coloca os grevistas contra a população, recorta as informações, cria manchetes de meias frases. E caímos nessa. Infelizmente. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Nossa educação não é boa o suficiente para que possamos pensar fora da caixa. Nossa pátria educadora não nos educa.</b> Nossos políticos governam em interesse próprio. Nós nos calamos. Culpamos uma pessoa, por um contexto que é geral. Falamos em corrupção como se fôssemos incorruptíveis. <b>Nos tornamos escravos de nossa própria ignorância.</b></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgG564BKGvLK4Cf6TgYHoVuR8uFV4LAMbFy9pnIY37aZQiDiKWsgzvvf1jF4LSa2N72N1lm09cIWSjK1SlUjZCaL80yqmxYI93xdbku-xxkqUnUyW9MwjCq0r6YH4I69CXVJR4ABWxTG-Y/s1600/maioridade_penaljpg.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="192" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgG564BKGvLK4Cf6TgYHoVuR8uFV4LAMbFy9pnIY37aZQiDiKWsgzvvf1jF4LSa2N72N1lm09cIWSjK1SlUjZCaL80yqmxYI93xdbku-xxkqUnUyW9MwjCq0r6YH4I69CXVJR4ABWxTG-Y/s320/maioridade_penaljpg.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A Câmara dos Deputados rejeitou e aprovou a mesma proposta de redução da maioridade penal em menos de 24 horas. Eu, por exemplo, não conseguiria fazer minha mãe mudar de ideia em tão pouco tempo. Mas mãe é mãe e política é... enfim. </span><b style="font-family: Verdana, sans-serif;">Está aprovada a redução da maioridade penal. Lamentável, lastimável. </b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O que torna este cenário mais triste é ver que as pessoas concordam com isso. Estamos tão cansados de pensar, de levar as coisas a sério, que aceitamos qualquer argumento que seja egoísta. Pois sim, <b>reduzir a maioridade penal é um ato egoísta.</b> É pensar em si e não na sociedade como um todo. É, como sempre, atacar a consequência de um problema muito maior e muito anterior. E quem faz política sabe disso, pois foi eleito por isso. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quem faz política sabe falar, tem o domínio do discurso. Fala com clareza e parece ter sempre razão. Usa situações cotidianas, que todos vivemos, maximiza aquilo ao absurdo e te seduz. Pronto, você já está acreditando em tudo o que te falam sem questionar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>O que não se fala é que reduzir a maioridade penal abre precedentes para que se reduza novamente.</b> Menores de idade são usados para cometer crimes, pois não recebem uma pena e sim uma punição sócio-educativa. Isso, infelizmente, não vai mudar. Apenas estamos sinalizando aos criminosos que agora eles terão que usar menores de 16 anos para isso.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O que não se fala é que <b>reduzir a maioridade penal não vai reduzir a violência.</b> O que não se fala é que reduzir a maioridade penal só vai aumentar a população carcerária do país. Vai aumentar os custos do Estado com apenados. <b>Não vai acabar com a pobreza, com a miséria, com os problemas de educação.</b> Não vai diminuir os problemas estruturais sócio-econômicos brasileiros. Você não vai sair à noite sentindo-se seguro. <b>Sua sensação de insegurança não vai diminuir. Talvez aumente.</b> Pois aquele menino de 12 anos, vindo em sua direção não é só mais um menino de 12 anos vindo em sua direção. Ele é o novo menino de 16 anos. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nosso país não possui uma política penal eficiente. Aliás, nem sabemos o que é isso. <b>Não sabemos para que serve uma penitenciária</b>, uma casa de detenção, uma delegacia. Não sabemos nada, mas queremos opinar em tudo. Achamos muito certo que um adolescente de 16 anos seja julgado como maior de idade, pois "ele sabia o que estava fazendo". Sim, sabia. Mas e daí? Vamos jogá-lo numa cela com mais 20 pessoas para ele sair dali pior? Você realmente acredita que farão presídios especiais para jovens de 16 a 18 anos? Sério mesmo? (muitos risos) ... (gargalhadas).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Aguardando</b> a próxima redução de maioridade penal.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/11303355437551108119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7311605925019611550.post-55847194091827442302015-03-30T12:41:00.004-03:002015-03-31T15:27:19.985-03:00Aborto: legalize já!<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O aborto deve ser legalizado. E já! A proibição dessa prática é só mais uma das milhares de ferramentas que o Estado utiliza para corroborar o machismo em nossa sociedade. As estatísticas das taxas de mortalidade não convencem, a fragilidade de uma gestação não desejada não convence, os argumentos contra a Igreja não convencem. O que convenceria</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">, então?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Acredito que a voz das mulheres. A nossa voz. Precisamos falar sobre isso. Pois, o que está em jogo, acima de tudo, é uma <b>vontade</b>. Uma vontade que não está nas estatísticas, uma vontade que não está no outro, uma vontade que está em mim, em ti, em cada uma de nós, que não pode ser mensurada, nem vivida por outro. Essa vontade é extremamente íntima e particular e não deve ser coibida por nenhum legislador. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimh4XgVxbHUkROP4CnrnM2RUEHc-hwRtkaUVvFrJEeBruGkot1kS_9H8pRNVMwubWHSQ1Ao56IdLfO33meFQL2ly62QFQouViaYL0oD_uEhUzABOyJR0S15mejop_0TwyS7zreeeJEUlA/s1600/meu-corpo-meus-direitos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimh4XgVxbHUkROP4CnrnM2RUEHc-hwRtkaUVvFrJEeBruGkot1kS_9H8pRNVMwubWHSQ1Ao56IdLfO33meFQL2ly62QFQouViaYL0oD_uEhUzABOyJR0S15mejop_0TwyS7zreeeJEUlA/s1600/meu-corpo-meus-direitos.jpg" height="133" width="200" /></a></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É direito meu e de qualquer pessoa fazer o que quiser com seu próprio corpo, certo? Então, por que proibir o aborto? Por que fazer com que uma mulher tenha um filho que não deseja? Por que não dar a ela, a nós, a liberdade plena de nossas escolhas?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É claro, você poderá citar todos aqueles argumentos clássicos, tais como, <i>"por que ela não se preveniu?"</i>, ou então <i>"ela seria uma assassina, pois é uma vida ali"</i>, e outros mais que não respeitam a única pessoa interessada: a gestante.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Por que uma mulher não se previne? Ora, ela deve fazer isso sozinha? Por que o homem que transou com ela também não se preveniu? A camisinha, por exemplo, além de um excelente método contraceptivo, previne ainda contra DSTs, sabia? E o anticoncepcional? Por que ela não toma aquela bendita pílula?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nossa sociedade acostumou-se a colocar sob responsabilidade da mulher a prevenção e cuidados nas relações sexuais, o uso ou não de camisinha, tomar ou não a pílula. Nos acostumamos a julgar as mulheres desprevenidas e descuidadas, não olhando para o parceiro dela.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Por que uma mulher deve matar aquele ser humano que está gerando? Isso a torna uma assassina? Ela não se importa com a vida? Por que ela não gera essa criança e depois dá para a adoção?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Primeiramente, adotar uma criança é um gesto lindo. Porém, basta olharmos com maior cuidado e buscarmos informações que iremos perceber que é extremamente burocrático no Brasil. Além disso, existem muitas crianças que não conseguem ser adotadas, pois já são "grandinhas" (leia-se "não são bebês"), que vivem uma vida inteira em orfanatos aguardando um lar e acolhimento, que nunca chegam. É certo colocar crianças nessas condições? Não.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em segundo lugar, por que uma mulher que aborta seria uma assassina? Por que ela estaria matando um ser humano? Você já se informou direito sobre isso? E mais, por que essa mulher se importaria com essa vida se ela não a quer? Por que essa mulher deve ver seu corpo sofrer transformações pelas quais ela não quer passar só para gerar essa criança? Existem mulheres que relatam a experiência da gestação como horrível e nada encantadora, como os comerciais de margarina nos vendem. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ainda assim, defender o aborto não significa não defender a vida. Significa defender o meu corpo, a minha vontade e a minha escolha, a minha vida. Toda mulher tem o direito de delegar sobre si mesma, de decidir o que é melhor para si, incluindo o de ter ou não um filho.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A legalização do aborto não implica em aumentos estatísticos de mulheres abortando. Implica em dar condições sanitárias e humanas para que as mulheres possam realizar esse procedimento com segurança, sem correr riscos de contrair infecções. Significa dar voz àquelas mulheres marginalizadas por suas escolhas. Significa olhar para mulher, dar escolha, autonomia e respeito ao corpo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não somos obrigadas a ser mães, não somos obrigadas a ouvir é indigno abortar, não somos obrigadas a ter uma gestação indesejada, não somos obrigadas a viver aquilo que não queremos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/11303355437551108119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7311605925019611550.post-26599260908623590152015-03-13T11:35:00.000-03:002015-03-13T11:35:39.358-03:00A massificação da crítica<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Dia 15 não vou pra rua. Até poderia, mas não vou. E isso não significa que eu esteja satisfeita com o governo do PT, nem significa que sou a favor da corrupção, nem significa que eu esteja vivendo bem, nem significa que estou pagando as contas e que acho justo aquilo que pago de impostos. Também não significa que sou petralha, que quero viver em Cuba ou na Bolívia ou na Venezuela. Não mesmo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Me permito criticar em quem votei e em quem não votei. Não sou partidária, mas sou política. Sou de esquerda, mas não sou petista. Ser de esquerda é muito maior que um partido. É seguir um modo de ver e viver a vida que não seja voltada para a economia, para o livre mercado. É alguém que pensa, vê e vive o mundo de forma mais humana, mais justa, mais social. Que quer políticas públicas que garantam o respeito e a dignidade da sociedade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Dito isso, e</span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">u realmente penso que nosso país vai mal. Muito mal. As coisas estão todas erradas. Tá foda viver. Tá foda </span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">trabalhar oito horas por dia e ver o salário não servir para muita coisa. Vemos os preços de tudo aumentar, a conta de luz subir 50%, a passagem de ônibus ficar absurdamente alta, o governo cortar gastos com educação e não termos aumento de salário nem ganho real.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O brasileiro perdeu poder de compra. Não conseguimos consumir. Mal compramos o básico, os aumentos são absurdos. A economia vai mal, o país não cresce. Junto a tudo isso, os esquemas de corrupção, os roubos, os desvios de milhões e, o pior, a impunidade. Cresce a nossa indignação e aquela vontade de fazer justiça. </span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Cenário perfeito para aparecerem os manifestantes e suas manifestações.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Eu não sou PT, não sou pró-Dilma, mas também não acho que um impeachment vai resolver os problemas do Brasil. Somos minimamente politizados e ainda reproduzimos velhos discursos. Todos criticam, todos discordam, todos têm uma opinião. Todos vão as ruas, todos gritam, todos pedem. Há autonomia. </span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Mas a autonomia não é autônoma. </span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Há voz nas ruas. Mas essa voz só repete. Essa voz não pensa. Essa voz está massificada. Essa voz virou uma esponja que absorve discursos raivosos e o reproduz. Reproduz sem pensar, sem julgamento, sem crítica. É por isso que há raiva.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Não sou contra manifestações. É um direito nosso. Mas os caminhos que rumam e marcham os raivosos vão de encontro a tudo que acredito. Utilizam-se da liberdade para manifestar-se pedindo para não mais tê-la. É ambíguo. É contraditório. É um discurso crítico sem a crítica, sem profundidade.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">As coisas estão ruins? Sim. Mas vamos pensar (um pouco) antes de agir. Se vamos para as ruas, vamos saber o que pedir. Não marchem pelo retrocesso. Marchem por avanços, por melhorias, por justiça, pelo fim da impunidade. Manifestem-se para que a nossa presidenta faça um bom governo, não para que ela saia. Pode vir alguém pior. Muito pior. E sempre pode piorar.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/11303355437551108119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7311605925019611550.post-322774426296287572014-08-28T20:17:00.001-03:002014-08-28T20:17:28.396-03:00Vamos falar sobre política? Marina presidente? Não, obrigada!<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Começa a propaganda eleitoral na tevê e começam as discussões políticas nas redes sociais. Acho esse movimento super interessante. E seria mais ainda se as pessoas se posicionassem criticamente, debatendo, </span><i style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">pensando</i><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"> e enriquecendo o diálogo. Porém, vemos apenas trocas de ofensas entre eleitores e candidatos. Além disso, é triste ver que só se fala em política durante os breves dias de campanha.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Esse ano fiz algo que nunca havia feito antes: buscar informações. Isso mesmo! Li o programa de governo da Dilma, do Aécio e da Marina. Sinceramente? Nada de novo, nada muito diferente, todos dizendo que farão diferente, utilizando palavras chaves e rebuscadas que até me fazem lembrar de colegas pseudo-intelectuais das ciências sociais, que enchiam seu discurso de blá-blá-blá-wiskas-sachê, que mais confundiam do que esclareciam o pensamento. </span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">E você, já pensou em fazer isso? Te indico! É riquíssimo!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Somente assim você perceberá como os discursos são iguais. Talvez assim, você irá refletir sobre a trajetória política dos candidatos. Talvez assim, você pense de forma crítica e não acalorada sobre a política. Talvez assim, você tenha maior segurança no momento do seu voto. Acredito que isso não é pedir muito!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Particularmente, estou chocada com a quantidade de pessoas que estão fazendo campanha para a Marina Silva. Quando ela era candidata a vice, mal se falava na Marina, ela estava ali, uma figura apática na campanha. Depois da tragédia com Eduardo Campos, houve uma explosão de Marina pelo Brasil. Sério gente? Uma pessoa conservadora, que defende o neoliberalismo econômico, a privatização, o retrocesso dos direitos civis e sociais das minorias, tudo isso disfarçada sob uma manta de sustentabilidade? É essa pessoa que vocês querem para presidente do Brasil?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Em algum post eu li que "<i>a política é ideologia</i>". Não, pessoas! Política se faz no cotidiano, no nosso dia-a-dia, em nossas ações. Política é muito maior que partidos políticos. Não confunda. Pense, pesquise, busque informações. Esteja convicto do seu voto. Exerça sua cidadania com consciência. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7311605925019611550.post-57902435614742736462014-08-13T14:27:00.001-03:002014-08-13T14:38:08.568-03:00Enquanto isso...<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; line-height: 150%;">O que te deixa mais chocado: uma tragédia, a morte ou a pobreza? Não
há resposta correta para a pergunta, mas cada uma delas pode dizer muito sobre
sua personalidade. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; line-height: 150%;">Sim, sou um ser humano, sim eu me choco com a morte, com tragédias,
mas não fico enfatizando isso. Há uma pobreza de informações e conteúdos na
mídia brasileira, atrelado a facilidade de comunicação devido as redes sociais,
que me deixa incomodada. Sim, Eduardo Campos morreu, unindo morte e tragédia,
provocando espasmos de felicidade naquelas pessoas que alimentam seu espírito
com essas informações. E sabemos que nossa sociedade está cheia delas!
Infelizmente.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; line-height: 150%;">Respeito à família? Não se sabe o que é isso. Minutos após o acidente,
já haviam inúmeras fotos e vídeos postados em todas as redes sociais,
escancarando o que há de mais frio no ser humano: a busca pelo mórbido. Sim,
vamos enaltecer a morte (pois todos viram ícones após morrer, até Hitler, não é
mesmo?), vamos noticiar incessantemente a tragédia e vamos vender o luto. Isso
me choca! Li em uma matéria a seguinte frase: “<i>queda da Bovespa devido à morte de Campos</i>”. Como assim, gente? E o
Plínio morreu há pouco e ninguém falou nada, não houve alvoroço, talvez alguns
lamentos inaudíveis. Ah, claro, o Plínio morreu sem tragédia, não houve espetáculo
para o pão e circo brasileiro. Ok, agora faz sentido!<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; line-height: 150%;">Enquanto isso, na África, pessoas morrem de fome, morrem de pobreza,
morrem de ebola. Enquanto isso, nas favelas brasileiras, pessoas comentam no
facebook que o Eduardo Campos morreu, sem conhecer sua trajetória política,
apenas sabem que é o cara que apareceu ontem no Jornal Nacional. Enquanto isso,
meu pai envia duas fotos e as seguintes mensagens de Maputo, capital de
Moçambique, localizada na África Oriental:<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; line-height: 150%;">“Acabei de chegar
da feira. Miséria. Não tive coragem nem estômago para tirar mais fotos. É,
minha gente, se a miséria tem fim, não é lá. Vocês não conseguem imaginar o que
vi hoje.”<o:p></o:p></span></i></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7311605925019611550.post-29642299376552560582014-02-06T12:06:00.002-02:002014-02-06T12:06:36.589-02:00SOBRE A GREVE DOS RODOVIÁRIOS<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;">Não me lembro de alguma
greve que tenha me afetado tanto. Nem tão longa, nem tão resistente, nem tão
forte, nem com tanto apoio de outros movimentos sociais. Não sou contra a
greve, acho que qualquer categoria deve lutar e buscar seus direitos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;">Obviamente, também estou
sofrendo para me locomover na cidade. É ruim ter que pegar lotações cheias,
operando acima da capacidade, pagar em dinheiro, e pagar caro! Porém, o que eu
escuto são muitas pessoas reclamando dos motoristas e cobradores, que é um
absurdo tanto tempo de greve, etc</span><span style="font-family: Georgia;">. Acredito que vocês, pessoas, que pensam e
concordam com esses pensamentos, estão direcionando sua crítica as pessoas
erradas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;">Percebam que estamos
vivenciando uma luta em que atuam diversos atores, nos quais nenhum quer abrir
mão, ceder em prol da cidade. Sejam os trabalhadores por condições melhores de
trabalhos, sejam os empresários que visam seu lucro, seja o governo que se
abstém. De todos, nós sabemos que a corda sempre arrebenta do lado mais fraco,
ou seja, dos trabalhadores. Contudo, o que vemos hoje é o lado mais fraco da
corda se fortalecer e bater pé por aquilo que quer.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;">Em 2013 vivemos em nossa
cidade movimentos sociais surgirem com força suficiente para mudar decisões de
governo, pressionar setores da economia e essas atitudes ecoam. E não podem
deixar de ecoar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdVUXqc1bQUFCXYxHI8j3Zi7GkEYZ3xcV20tjVJFFPWH_vKNBMmITX5P4jfgtL2Vg1wX1nSLEMOh2Oeu_pCOfskMQ2jwvM5pmGiexd4_HngejKy1OHYMVFpHMkH5rNH_4KMqD0XNrrNA/s1600/greve-onibus.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; float: left; font-family: Georgia; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdVUXqc1bQUFCXYxHI8j3Zi7GkEYZ3xcV20tjVJFFPWH_vKNBMmITX5P4jfgtL2Vg1wX1nSLEMOh2Oeu_pCOfskMQ2jwvM5pmGiexd4_HngejKy1OHYMVFpHMkH5rNH_4KMqD0XNrrNA/s1600/greve-onibus.jpg" height="131" width="200" /></a><span style="font-family: Georgia;">Se você, assim como eu,
está descontente com a greve, revolte-se também. Mas revolte-se contra os
empresários, contra o governo, contra quem tem poder e dinheiro, contra quem
não está nem aí para a greve e contra quem está lucrando muito com essa greve.
Pois no fim, tudo sempre volta ao mesmo tema: dinheiro!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;">Pense nisso!<o:p></o:p></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7311605925019611550.post-80955377079505778922014-01-04T22:53:00.000-02:002014-01-04T22:53:09.550-02:00E lá vamos nós<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Todo início de ano é a mesma
coisa: prometo para mim mesma que escreverei mais no blog. Faço planos, crio
expectativas (todas irreais) e nada dá certo. É frustrante, mas não consigo dar
conta de tudo aquilo que planejo para mim mesma.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Ao mesmo tempo que busco a
tranquilidade, viver cada dia, aproveitar cada momento, algo me escorre pelas
mãos como água: eu mesma, uma constante contradição. Sou calma e tranquila ao
mesmo tempo que pareço estar ligada no 220v.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Em 2013 dei um tempo para mim mesma.
Parei de estudar, parei de escrever, parei de me cobrar. Foquei no meu trabalho
com todas as minhas forças e obtive resultados. Mas agora chega, é hora de
voltar, de retomar os planos, de seguir em frente e terminar ao menos uma
coisa: a faculdade. Pois sim, tenho um grande problema, não termino as coisas
que começo. Triste isso!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Porém, bóra lá, tentar, mais um
vez, me formar filósofa! 2014, aí vamos nós!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7311605925019611550.post-54345119371141671632013-07-26T19:13:00.001-03:002013-07-26T19:13:32.636-03:00Já passou um ano<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif";">Já
passou um ano. Não digo que parece que foi ontem, pois não há um dia sequer que
não tenha pensado em ti. Na minha vida, tua ausência será eternamente sentida. Faz
muita falta. A noite mais longa e mais fria de 2012 foi em 26 de julho. Em meus
braços eu o carreguei, mas já sem vida. A pressa por um atendimento médico era
tanta, que agi com frieza, apesar de meu coração estar despedaçado. Procuramos por
médicos como se eles operassem milagres. Não chorei nem por um segundo. Fui firme,
fui dura, me tranquei, travei. Talvez o fato de perceber de forma tão clara e
tão próxima a finitude da vida tenha me mudado por completo. Uma mudança que
hoje considero irreversível.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif";">Hoje
passei o dia sentido náuseas. Náuseas de um vazio. Um vazio que jamais será
preenchido. Acostumamo-nos a viver com a ausência daqueles que mais amamos. Ela
não passa, só lidamos melhor com ela a cada dia. E disfarçamos com sorrisos largos
cada pensamento de saudade. Doer não dói, mas não cessa. Está presente, algumas
vezes com maior força e intensidade, outras como uma brisa leve e suave a tocar
o rosto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif";">Aprendi
a ver as pessoas com maior humanidade, a não dar bola para os problemas, a agir
com responsabilidade e, principalmente, a não perder tempo. Passamos muito
tempo programando coisas que nunca realizamos. Por quê? Talvez essa tenha sido
minha maior lição: viver o hoje. Amar mais, sorrir mais e gritar menos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif";">Hoje
o tempo passa mais rápido do que queremos. Nosso ritmo de vida nos exige a
pressa, respostas rápidas e grandes atitudes, grandes decisões, grandes coisas.
Quando, na verdade, precisamos de menos, do simples e do descomplicado. Precisamos
de abraços, beijos, sorrisos e cafunés. Não precisamos de agendas lotadas,
compromissos inadiáveis, 10h de trabalho por dia. Precisamos mesmo é
desacelerar. Viver. E cantar. Não importa qual seja o dia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif";">Sei
que muitas pessoas não entendem minha forma de ver e agir no mundo. Não as
julgo, até as compreendo. Há um ano atrás não via as coisas da forma como vejo
hoje. Hoje consigo ver com maior clareza todas as minhas mudanças. Em meu
cotidiano, em minhas atitudes, com meus pares. Até mesmo com meus ímpares. Aprendi
muitas coisas, principalmente a valorizar a vida. A minha, a tua, a de todos. Aprendi,
acima de tudo, que é possível conciliar nosso pensamento e nossas convicções
com nossos atos, basta querer. Aquele que quer e age traz em si o poder de
grandes realizações.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif";"><br /></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7311605925019611550.post-74071123980748093542013-07-23T15:53:00.000-03:002013-07-23T15:53:30.782-03:00Tarde fria de inverno<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; line-height: 150%;">Porto Alegre, 23 de julho, 8°C, céu com poucas nuvens, sol e vento
gelado cortante. A sala é pequena, algumas pessoas trabalhando, ar condicionado
ligado no máximo, mas sem dar conta do frio. As janelas batem forte devido ao
vento. Nono andar. Não há conversa, há uma música qualquer tocando ao fundo.
Algumas vezes toca o telefone, as pessoas atendem falando baixo, uma voz
arrastada que não quer sair. Dedos digitando, ruído das teclas. Algumas teclas
apanham, outras são tocadas com carinho. Não há sorrisos, há somente a mecânica
do trabalho aguardando de forma ansiosa o final do expediente para encarar o
frio e ir embora. É frio. É inverno.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; line-height: 150%;">Especialmente nessa tarde, ela se perdeu em pensamentos. Talvez o
silêncio atípico da sala, talvez o turbilhão de sentimentos que lhe inundam o
coração nos últimos meses. Talvez tudo isso. Talvez nada disso. Mas ela estava
silenciosa. Silenciosa, porém, inquieta. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt; line-height: 150%;">Há poucos meses nada a impressionava, nada a abalava, nunca era
surpreendida. Vivia em seu mundo, pequeno e frio. No peito não havia um
coração, apenas uma pedra, maciça, forrada por gelo. Julgava-se inatingível.
Torcia o nariz para todos os tipos de sentimentos. Abraços eram recusados,
afagos eram desdenhados. Apaixonados pareciam-lhe idiotas. </span></div>
<span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; line-height: 150%;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 11pt; line-height: 150%;">Achava que era feliz assim, achava que isso era viver a vida.</span></div>
<o:p></o:p></span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; line-height: 150%;">Estava desprevenida o dia que foi atingida por um sorriso, talvez o
sorriso mais lindo que tenha visto. Ah, aquele sorriso! No momento que viu
aquele sorriso, que aqueles pequenos olhos brilharam para ela, naquele momento
ainda não sabia, mas uma pequena rachadura estava ocorrendo no seu peito. Como
se iludiu, como tentou ignorar tudo aquilo que sentia, como tentou se explicar
e se justificar por aquilo que sentia. Racionalizava cada ação, cada palavra,
cada gesto. Começou a prestar atenção nas letras das músicas que ouvia.
Percebeu que as letras faziam sentido. Pegava-se pensando no dono daquele lindo
sorriso no meio do dia. Sorria largamente toda vez que tinha notícias suas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; line-height: 150%;">Tornou-se boba. Parou de racionalizar, parou de justificar e começou a
sentir. Percebeu que não tinha mais o controle das suas emoções e isso lhe dava
muito medo. Um medo absurdo, um embrulho no estômago, como mil borboletas
batendo suas asas ao mesmo tempo voando do seu umbigo até o peito. Porém,
quando via o dono daquele lindo sorriso, ficava sem chão, parecia que o mundo
ia explodir, mas ao mesmo tempo, tudo estava em sincronia, o tempo não passava,
ou passava rápido demais, ou perdia a noção do tempo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; line-height: 150%;">Sempre achou que estava certa, se protegendo de seus sentimentos. Achou
errado. Seu pequeno gelo estava derretendo em seu peito. É inverno e frio em
Porto Alegre. Logo viria a chuva. Não sabia, mas já se encontrava apaixonada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia; font-size: 11.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7311605925019611550.post-88894820537885369622013-07-08T19:42:00.004-03:002013-07-08T19:44:44.658-03:00Isso não é amor<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif";">As
pessoas são egocêntricas e egoístas. Possuem a incrível incapacidade de se
colocar no lugar do outro, de compartilhar as emoções com o outro, elas julgam
e condenam o outro. Não há reciprocidade no ser humano, há apenas interesse. Mesmo
que esse interesse seja inconsciente. Não há nada entre duas pessoas. Somente o
interesse que as mantém unidas. Quando não há mais interesse, acabam-se as relações.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif";">Não
estou imune a sentimentos, apesar da maioria das vezes ignorá-los, eles estão
ali presentes. Muitos deles adormecidos. Precisam apenas de um estimulo para
acordar. O ser humano é foda. Experimente não corresponder as expectativas de alguém
que essa pessoa lhe mostrará seu pior lado. O ser humano é ruim e egoísta por
natureza.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif";">Estou
com raiva, uma raiva retraída por muito tempo. Algumas pessoas pensavam ser
recalque. E até parecia às vezes. É o preço que se paga por deixar as pessoas
distantes do teu cotidiano, de poupá-las das situações mais inaceitáveis. O ser
humano é burro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif";">Inventaram
um troço chamado amor que, ao se sentir empossado desse sentimento, acreditamos
que podemos fazer tudo pelo outro. Não, não podemos. Não podemos ser idiotas
pelo outro, não podemos deixar que o outro esteja acima de nós na nossa própria
vida. Esse é o erro daqueles que “amam". Sim, amam entre aspas, muitas aspas,
porque o amor não te prende, não te diminui. O amor te liberta, te deixa livre
para ser feliz. O amor não te baixa a
autoestima, não te faz esquecer dos amigos, da tua família, da tua vida. O amor
acrescenta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif";">O
resto não é amor, é dependência, é comodismo, é egoísmo, é mesquinhês.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif";">Achamos
que amamos até levarmos um soco de realidade. Achamos que amamos até que o
objeto de tal sentimento mostre a sua verdadeira face. Mas somos idiotas e
burros, nos auto-enganamos, não queremos ver aquilo que está debaixo do nosso
nariz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif";">Não
é que não se deva amar. Mas não se deve cegar. Amar faz bem. E o resto é apenas
o resto humano egocêntrico. Isso, eu passo.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Georgia","serif";"><br /></span>
<span style="font-family: "Georgia","serif";"><br /></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0