quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Enquanto isso...

O que te deixa mais chocado: uma tragédia, a morte ou a pobreza? Não há resposta correta para a pergunta, mas cada uma delas pode dizer muito sobre sua personalidade.

Sim, sou um ser humano, sim eu me choco com a morte, com tragédias, mas não fico enfatizando isso. Há uma pobreza de informações e conteúdos na mídia brasileira, atrelado a facilidade de comunicação devido as redes sociais, que me deixa incomodada. Sim, Eduardo Campos morreu, unindo morte e tragédia, provocando espasmos de felicidade naquelas pessoas que alimentam seu espírito com essas informações. E sabemos que nossa sociedade está cheia delas! Infelizmente.

Respeito à família? Não se sabe o que é isso. Minutos após o acidente, já haviam inúmeras fotos e vídeos postados em todas as redes sociais, escancarando o que há de mais frio no ser humano: a busca pelo mórbido. Sim, vamos enaltecer a morte (pois todos viram ícones após morrer, até Hitler, não é mesmo?), vamos noticiar incessantemente a tragédia e vamos vender o luto. Isso me choca! Li em uma matéria a seguinte frase: “queda da Bovespa devido à morte de Campos”. Como assim, gente? E o Plínio morreu há pouco e ninguém falou nada, não houve alvoroço, talvez alguns lamentos inaudíveis. Ah, claro, o Plínio morreu sem tragédia, não houve espetáculo para o pão e circo brasileiro. Ok, agora faz sentido!

Enquanto isso, na África, pessoas morrem de fome, morrem de pobreza, morrem de ebola. Enquanto isso, nas favelas brasileiras, pessoas comentam no facebook que o Eduardo Campos morreu, sem conhecer sua trajetória política, apenas sabem que é o cara que apareceu ontem no Jornal Nacional. Enquanto isso, meu pai envia duas fotos e as seguintes mensagens de Maputo, capital de Moçambique, localizada na África Oriental:

“Acabei de chegar da feira. Miséria. Não tive coragem nem estômago para tirar mais fotos. É, minha gente, se a miséria tem fim, não é lá. Vocês não conseguem imaginar o que vi hoje.”


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